quarta-feira, 22 de julho de 2009

Sinopse

Pierce Brenam é um homem poderoso em busca de vingança.
Seu alvo é Thomas Byrne, o homem que destruiu sua família quando ele ainda era pequeno. Disposto a tudo para conseguir o que quer, ele usa todas armas para derrotar seu inimigo e infiltrado na vida de Thomas ele conhece sua filha, Laura.
Atraído por ela, Pierce a inclui em seus planos, afinal ela era uma Byrne e tinha que pagar por isso. Acostumado a ter seus desejos acatados, Pierce não esperava tanta determinação de Laura para afastá-lo de sua vida. Mas gostava de desafios e seria implacável até que ela se rendesse.
Ele queria Thomas na prisão e Laura em sua cama.

Trechos do Livro

CAPÍTULO IV


Thomas Byrne ficou surpreso com a notícia.
Sua filha Laura tinha ido almoçar com Pierce Brenam, então quem sabe, daí poderia surgir alguma coisa.
Pierce era milionário, pelo que Thomas sabia, como consultor financeiro tinha feito fortuna em cada empreendimento que tinha ajudado a construir, era incrível como não tinha passado essa idéia pela cabeça dele, mas também, estava trabalhando a mil e já via adiante como sua empresa cresceria até em nível internacional.
Mas dinheiro para ele nunca era suficiente, Thomas gostava da boa vida que levava e ele queria muito, muito mais.
Quem sabe agora sua filha tivesse alguma utilidade para ele, ela sempre procurou agradá-lo e Thomas muitas vezes se sentia impaciente com isso, nunca quis ter filhos, não queria ficar preso a nada nem a ninguém, queria desfrutar a vida o máximo possível, mas Melinda a mãe de Laura acabou engravidando o que o deixou furioso, depois disso, foi se distanciando cada vez mais da esposa, lógico que era sempre discreto em suas saídas com outras mulheres, não queria que ela pedisse o divórcio pois estava indo muito bem com a empresa que agora era dele.
Era completamente insensível ao estado delicado da mulher, mas no hospital foi com um pesar verdadeiro que recebeu a notícia de que sua mulher havia morrido no parto, mas a filha tinha sobrevivido. O que as pessoas não sabiam era que o pesar que ele estava sentindo era da filha não ter morrido junto com a mãe. O que ele ia fazer com uma criança? Não queria casar novamente, ele queria ser livre.
Mas logo viu que realmente estava livre, podia fazer o que quisesse, então contratou babás e enfermeiras para cuidar da criança, mantendo-a assim fora de suas vistas e quando ela começou a crescer e andar atrás dele não pode agüentar, tinha de se livrar dela. Mandou Molina - que tinha inclusive dado o nome a Laura em homenagem a mãe de Melinda, - pesquisar os melhores internatos da cidade, ele vivia se preocupando com ela, por ter sido um amigo, mais que um funcionário do pai de Melinda e assim Thomas se livrou da criança por alguns anos, só tendo contato de vez em quando, em um ou outro feriado, mesmo assim passando pouco tempo com ela, pois Thomas logo inventava uma viagem de negócios para estar longe.
Quando Laura fez dezoito anos, voltou para casa, mas como não a via com freqüência por causa da universidade e do estágio não se incomodou muito com isso. Achou que depois de formada e trabalhando ela fosse ter sua própria vida, mas para desgosto de Thomas, Laura continuou morando lá e de vez em quando tentava uma aproximação o que ele evitava com suas desculpas costumeiras.
Agora, porém, via uma chance de reverter isso a seu favor e sair lucrando muito.
Tentaria descobrir até que ponto Pierce estava interessado em Laura, e se sua filha queria tanto agradá-lo aí estava a oportunidade dela.
Um grande sorriso se espalhou pelo rosto de Thomas e sua mente já estava maquinando quais seriam os próximos passos.

Pierce estava pensativo, tinha acabado de entrar em contato com a empresa de investigações que há alguns anos lhe forneciam os relatórios sobre toda a vida de Thomas Byrne e sua ordem foi para que a partir de agora, todos os passos de Laura fossem seguidos e que fosse investigado tudo sobre ela: comportamento, relacionamentos, amigos, qualquer pessoa ligada a Laura, inclusive o cinegrafista Paul que trabalhava com ela. Pierce queria saber o que se passava entre eles.
Ela era bem diferente do que ele esperava, tinha uma elegância simples, natural, um jeito despretencioso e sempre expressava sentimento sobre tudo o que falava, isso ele já tinha percebido por algumas matérias dela que tinha lido no jornal, mas pessoalmente isso tinha um impacto maior, sem contar o fato de ser linda e por mais que ele tivesse procurado algum defeito, não tinha encontrado.
Mas se tratando de uma Byrne tudo isso poderia ser completamente falso, ele tinha como bom exemplo o pai dela. Quem não conhecesse Thomas como ele, poderia jurar que era um dos homens mais íntegros na face da terra.
Não, ele não ia deixar se enganar como seus pais, não confiava em ninguém e com certeza a filha de seu inimigo era sua inimiga também e ela ia pagar junto com seu pai assim como ele pagou com os pais dele, nessa guerra não havia inocentes.
Sentiu que ela ficou apreensiva com ele desde o instante em que o viu, como se pressentisse alguma ameaça da parte dele e ela não sabia o quanto estava certa em temê-lo.
Pierce nunca tinha pensado em incluir Laura em seus planos mas agora, tudo tinha mudado; ele a queria e em todo momento que esteve com ela, sentia seu corpo reagir como se tivesse necessidade de estar perto dela ou tocá-la. Sim, ela pagaria bem caro por isso também e com certeza ele ia sentir um enorme prazer quando ela estivesse em suas mãos, ou melhor, em sua cama.


Laura desligou seu notebook e se espreguiçou. Estava terminando uma matéria, sobre o desabamento de um pequeno prédio antigo que abrigava algumas pessoas de rua, quando Elisa veio informar sobre o jantar daquela noite, era ela quem tomava conta da casa deixando tudo em ordem e cozinhava como ninguém. Laura gostava dela, mas não tinham nenhuma intimidade, Elisa sempre se mantinha reservada e os assuntos eram estritamente sobre seus serviços.
- Seu pai avisou que vem mais uma pessoa para o jantar.
- Ele disse quem era?
- Não, apenas pediu que a avisasse – respondeu Elisa, reservada como sempre.
Laura se espantou, seu pai nunca tinha trazido ninguém para casa, procurava sempre tratar seus assuntos com privacidade, fosse pessoal ou profissional, ninguém tinha estado lá, desde que ela morava com ele há cinco anos.
Mas seu pai estava diferente, na última semana haviam jantado duas noites juntos e ele comentou sobre os planos que estava analisando junto com Pierce Brenam e sobre as várias possibilidades de sucesso que eles viam.
Ficou maravilhada quando seu pai perguntou sobre a reportagem do assalto, ele não tinha tido tempo de falar com ela naquela semana e ela contou todos os detalhes para ele, não esquecendo de nada e quase explodiu de felicidade quando seu pai disse, num tom quase de censura, que não queria ver ela se expondo demais a riscos desnecessários, ele ficava preocupado. Era tudo que ela sempre quis ouvir, ele estava realmente mudado.
Tomou uma ducha rápida e escolheu um vestido de chamuá num tom verde oliva, com corte simples estilo “tubinho” que acentuava a cintura delgada e decote em U que realçava os seios, usou pouquíssima maquiagem, prendeu os cabelos com uma echarpe estampada no mesmo tom do vestido e sandálias de salto não muito alto. Laura olho-se no espelho e gostou do que viu, um visual simples, porém, elegante e bonito.
Afinal se era a primeira vez que seu pai trazia alguém em casa, devia ser uma pessoa importante, até especial para ele, quem sabe uma namorada? Será que seu pai estava apaixonado? Bem, de qualquer forma, queria que ele ficasse orgulhoso quando a apresentasse a sua convidada.
Laura estava no corredor quando ouviu vozes vindas da sala de estar, sua curiosidade aumentou, não estava ouvindo voz de mulher. Quando entrou na sala seu pai que estava de frente a cumprimentou:
- Olá Laura! Trouxe um convidado para esta noite.
E quem estava sentado na poltrona levantou-se para cumprimentá-la também. Ela não pode acreditar, lá estava Pierce Brenam ao lado de seu pai, olhando-a de cima a baixo, vagarosamente sem perder nenhum detalhe, quando seus olhos se encontraram de novo ela sentiu como se seu rosto estivesse em chamas.
Seu pai, aparentemente sem perceber o seu embaraço, continuou:
- Acho que já conhece Pierce?
Pierce sorriu e estendeu a mão para cumprimentá-la, dizendo:
- Boa noite sta. Byrne é um prazer revê-la.
Laura retribuiu o cumprimento, Pierce segurou firme sua mão, envolvendo-a completamente na dele que era macia e quente, ela puxou sua mão às pressas para romper o contato. Pierce notou e sorriu.
- Boa noite sr. Brenam – disse ela e foi se sentar no canto mais afastado do sofá.
Para desespero de Laura seu pai permaneceu de pé, dizendo que precisava de uma ducha rápida e virando para a filha perguntou:
- Laura, pode fazer companhia para Pierce? Eu volto logo.
- Claro pai.
- Com licença – disse Thomas e saiu.
Pierce ignorou a poltrona em que estivera e sentou-se no outro sofá bem próximo a Laura ficando frente a frente com ela, que não gostou nem um pouco. Algo naquele homem mexia profundamente com os seus sentidos, ela nunca tinha se sentido tão vulnerável perto de alguém, queria voltar para seu quarto, se trancar lá e não sair até Pierce Brenam ir embora, mas sabia que seu pai estava dependendo daquele homem e logo agora que tudo ia bem entre ela e o pai, não podia colocar tudo a perder.
Tentando ignorar o modo como ele a estava encarando, Laura decidiu que manteria uma conversa banal até o retorno de seu pai:
- Meu pai contou como os projetos estão avançando, ele está bem animado.
- Agora a situação deve se acelerar, a fase de reconhecimento já passou. É hora do ataque – respondeu Pierce, continuando a encará-la intensamente.
- Você fala como se estivesse numa batalha.
- E estou. É preciso estratégia para vencer o inimigo e se sua rendição não for fácil, têm que vencê-lo pela força.
- Parece que você já venceu algumas batalhas.
- Eu sempre venço e sempre consigo o que quero.
Laura notou uma ênfase sutil quando ele falava “sempre”. Ela não estava gostando da conversa, nem daquele olhar, parecia que todas as palavras dele continham um significado a mais, como se tivessem alguma mensagem oculta.
Procurou se acalmar e continuou num tom ameno:
- Por isso é um profissional de sucesso.
- Mas isso não vale só para os negócios. Quando quero algo para mim, do mesmo jeito, eu conquisto e tomo posse.
Falou aquilo de um modo tão confiante que foi demais para Laura, era muita arrogância! Controlando sua raiva a muito custo disse:
- Espero que não esteja falando de pessoas Sr. Brenam, não pode tratá-las como se fossem objetos.
- Por que não? Como um objeto cada pessoa tem seu preço. Qual é o seu preço Laura?
- Eu não estou à venda! Laura teve vontade de esbofeteá-lo, sentia o rosto mais quente que nunca.
- Claro que não – respondeu ele com toda calma – Mas qual seria o seu preço para se casar? O homem teria que ser honesto, bom e fiel para o resto da vida?
Ele a estava provocando, ela sabia disso, mas ele tinha passado dos limites. Laura ergueu a ainda mais a cabeça e falou numa voz totalmente fria e controlada:
- Meu preço seria muito alto. A única coisa que eu pediria é amor, Sr. Brenam e esse preço homens como o senhor não podem pagar, pois não sabem o que é isso.
Ela viu o maxilar dele se contraindo e seu olhar endureceu, sabia que estava pisando em terreno perigoso e que o tinha atingido de alguma forma, mas quando ele falou sua voz continuava calma:
- Está dizendo que eu não sei amar, mas as mulheres me dizem que sou um excelente amante.
- Não é deste tipo de amor que estou falando. Estou me referindo a sentimento, coração.
- E Paul, por acaso, possui esse coração?
No relatório de Laura dizia que ela não tinha tido nenhum relacionamento ou compromisso, mesmo que por pouco tempo. O único homem que estava em contato freqüente com ela era Paul e ao que tudo indicava, tinham um bom relacionamento. Era ora de tirar isso a limpo, pensou Pierce.
- Está se referindo a Paul Kendall? Estranhou Laura.
- Vocês passam muito tempo juntos.
- Paul é casado! E Sara, sua esposa, é minha amiga!
- Isso não é empecilho para algumas mulheres.
- Para algumas mulheres pode não ser, mas para mim é um empecilho enorme. Eles se amam e mesmo que não fosse o caso eu jamais destruiria uma família!
- Ah sim, é o conceito de quem estudou em colégio de freiras.
- Não é preciso ser educado por freiras para saber o que é certo ou errado. Isso é uma questão de caráter, a pessoa tem ou não tem.
- Exatamente, mas o único problema é que não tem como se definir o que uma pessoa é até conhecê-la a fundo.
- Inocente até que se prove o contrário, Sr. Brenam, isto vale para todos.
- Mas nem todos são inocentes, Laura, lembre-se disso – respondeu Pierce num tom sombrio.
Nesse momento, seu pai entrou na sala anunciando o jantar.
Laura mal tocou na comida, para seu alívio a conversa girou em torno dos assuntos da empresa com relação ao mercado externo. Apenas uma vez, seu pai perguntou sobre a nova reportagem, mas ela não entrou em detalhes.
Após o jantar, voltaram para a sala de estar. Laura deu a desculpa de ver o café e se refugiou na cozinha junto com Elisa, que preparava a bandeja para que Laura a levasse.
Só mais um pouco – pensou ela – a noite já está acabando.
Pegou a bandeja e dirigiu-se à sala.
Seu pai e Pierce agora falavam sobre amenidades. Laura serviu o café evitando entrar na conversa ou olhar para Pierce e já pensava em uma desculpa para se retirar quando ele levantou-se dizendo que estava tarde. Agradeceu a Thomas e a Laura pelo jantar.
- Foi um prazer – disse Thomas – Laura, pode acompanhar Pierce até a porta, eu vou para o meu quarto, hoje o dia foi puxado.
- Claro – respondeu ela.
- Até mais Pierce.
- Até mais Tom.
Thomas se retirou e Laura seguiu para o hall de entrada com Pierce acompanhando-a bem de perto. Ela abriu a porta e sem olhá-lo nos olhos disse:
- Adeus, Sr. Brenam.
Foi tão rápido que Laura nem soube direito o que estava acontecendo, quando deu por si, estava nos braços de Pierce envolvida num beijo que ela jamais sonhou, quente, profundo, que pareceu durar uma eternidade e tão rápido como tinha começado, tudo acabou.
Laura estava imóvel, não podia acreditar nas reações de seu corpo ao contato de Pierce e sem conseguir esboçar nenhuma atitude, ficou olhando espantada para ele que, sem desviar os olhos dos seus, desceu devagar as mãos até os seus quadris, puxando-a delicadamente de encontro ao seu corpo, para que ela ficasse ciente de sua excitação. Então ele a soltou e disse:
- Já disse para me chamar de Pierce. Até breve, Laura.
Foi embora sem olhar para trás e dessa vez ela sabia que não era um comunicado e sim uma promessa.


CAPÍTULO VIII


Pierce já tinha visto pelas fotos que Laura tinha emagrecido e estava abatida, agora estando frente a frente olhando em seus olhos ele via as marcas de cansaço.
Ela abriu a porta para ele entrar sem dizer uma única palavra, assim que ele entrou fechou a porta e indicou o sofá para que ele se sentasse, depois sentou numa poltrona mantendo uma certa distância. Estava nervosa, apertando as mãos uma na outra.
Pierce a encarou.
- Disse que tinha uma proposta?
Ela não conseguia olhar para ele, quando falou sua voz estava baixa:
- Você disse, disse, que me quer – falou com a garganta apertada.
- Quero!
- Er, eu, eu me proponho a ser sua amante.
- Não – a resposta foi imediata.
Laura levantou o rosto e olhou para ele desesperada.
- Mas, por que? Você pode estar comigo sempre que quiser, é só chamar a qualquer hora, eu não vou me recusar, nem fugir mais de você.
- Não. Você vai ser minha! E isso significa um papel assinado, uma aliança no seu dedo e você na minha cama todas as noites.
- Será que está tão cego pela vingança que não percebe que está estragando não só a minha vida, mas a sua também? Eu não posso me casar com você baseada apenas num sentimento de desejo e ódio.
- Laura, eu não vou abrir mão disso. Eu tenho te dado tempo esperando que você veja que não tem outra saída, mas você não se dá por vencida, não é? Muito bem, eu tenho um meio melhor de convencê-la.
Havia uma determinação em seu rosto que fez Laura gelar por dentro.
- O que você quer dizer com isso?
- Vou fazer com que demitam Paul amanhã e assim como você, ele não conseguirá emprego em lugar nenhum.
Laura empalideceu, sentia seu estomago revirar.
- Você não pode fazer isso, Paul vai ter um filho! Não pode tirar o emprego dele assim.
- Posso e vou. Até agora eu tenho sido paciente, Laura, mas pra tudo tem um limite. E se Paul não bastar, posso demitir também o Sr. Molina ou qualquer outro que tenha cruzado seu caminho. Eu posso acabar com qualquer um, vai depender de você e eu não vou esperar mais, Laura, eu quero sua resposta agora.
Ela sabia que ele estava falando a verdade, ele realmente faria isso e nada o demoveria dessa idéia, não tinha mais como fugir, nem o que fazer.
- Está bem – disse ela por fim, quase num sussurro.
Pierce soltou o ar que estava prendendo nos pulmões e respirou aliviado, agora precisava agir rápido, antes que ela mudasse de idéia, mas antes que pudesse falar, Laura levantou os olhos para ele e falou:
- Tem uma condição – disse ela.
- Você não está em posição de impor nada, Laura.
- Considere como um pedido então.
- O que? Perguntou Pierce desconfiado.
- Eu quero meu emprego de volta.
- Não.
- Você tirou meu emprego por isso, agora que eu concordei em me casar com você nada mais justo do que ter ele de volta.
- Você não precisará trabalhar, eu sou um homem muito rico.
- Eu não quero seu dinheiro.
- Já tive provas disso, mas querendo ou não meu dinheiro vai fazer parte da sua vida.
- Eu sempre trabalhei, não vou me acostumar ficar o dia todo sem fazer nada.
- Eu vou tratar de mantê-la ocupada, tenha certeza disso.
Laura corou violentamente.
Pierce aproveitou que ela estava calada e contra-atacou:
- Vou precisar dos seus documentos.
- Meus documentos? Pra que? Perguntou Laura sem entender.
- Para dar entrada na papelada.
- Bem, acho que isso tem tempo.
- Não, não temos tempo. Vamos nos casar dentro de quinze dias.
Laura o olhou estarrecida, como se ele fosse de outro planeta, aquilo não era possível. Ela tinha aceitado, pensando justamente num noivado longo, onde ela pudesse fazê-lo se arrepender de tudo, desistindo do casamento e agora ele vinha com isso?
- O q-que? Mas, e o tempo de noivado? Eu estava esperando pelo menos uns seis meses – falou não acreditando, como se estivesse entorpecida.
- Nosso noivado vai ser bem curto.
- Mas, as pessoas vão falar...
- Eu não me importo nem um pouco com o que vão falar.
- Não podemos casar de repente, eu, eu não tenho nem enxoval. Não, eu não estou preparada – Laura queria dar qualquer desculpa, queria achar algum obstáculo para impedir aquilo, estava atordoada, mas foi em vão.
Ele tirou um cartão de crédito da carteira e estendeu a ela.
- Aproveite essa semana e compre tudo que precisar, organize o casamento da forma que achar melhor. Agora vá pegar os documentos que eu preciso resolver muita coisa.
Laura voltou com os documentos, o cansaço tomando conta de seu corpo, sua mente entorpecida, Pierce notando seu estado mandou que ela fosse descansar, pois ia ser uma semana bem corrida.
Antes de sair ele parou em frente a ela, erguendo seu queixo até que seus olhos se encontrassem, baixou a cabeça e beijou Laura de leve, na boca.
- Durma bem Laura, até breve.



Laura acordou com o telefone tocando.
- Oi – atendeu com voz de sono.
- Pensei que já estivesse acordada – falou Pierce num tom animado.
Laura sentou na cama, despertando na mesma hora. Olhou para o relógio, eram quase dez horas, nunca tinha acordado tão tarde.
- Não consegui dormir direito.
- Pensando em mim? Provocou ele.
- Não perco meu tempo pensando em você.
Pierce riu com a resposta mal criada, sabia que ela estava mentindo e que nunca daria o braço a torcer.
- Estou mandando um carro com motorista pra ficar a sua disposição, dentro de uma hora está bom pra você?
- Eu não preciso de carro com motorista, já tenho condução.
- Laura, você não pode querer carregar tudo em cima de uma moto.
- Eu posso pegar um táxi.
- De jeito nenhum. Steven é meu motorista e uma pessoa de total confiança, ele vai ajudá-la no que precisar. Além do mais, antes de ir às compras, quero que vá até minha casa.
- Fazer o que na sua casa? Perguntou Laura insegura.
- Quero que de uma olhada, veja do que vai precisar ou se vai querer mudar alguma coisa.
- Eu tenho certeza que não vou precisar de nada – Laura sentiu medo, ainda precisava se acostumar com a idéia de que logo estaria morando com Pierce.
Ele sabia que ela estava com medo, por isso a estava forçando, quanto mais rápido ela se acostumasse com a idéia, melhor.
- Laura, dentro de duas semanas você vai estar morando lá – disse com seu tom calmo, mas firme – Quero que se sinta confortável. Ana, mulher de Steven vai estar esperando por você. É ela quem cuida da casa e tenho certeza de que irá gostar dela.
- Está bem – concordou por fim.
- Ótimo, nos falamos mais tarde.
Desligando o telefone, Laura saiu da cama sentindo-se frustrada; era ela quem programava seus dias, não estava acostumada a ter sua vida conduzida por outra pessoa e desde que conheceu Pierce era exatamente isso que tinha acontecido, ele tinha guiado todos os passos dela para levá-la até onde ele queria.
Laura não imaginava como ia ser sua vida daquele momento em diante, mas sabia que numa situação extrema ainda restava um último refúgio intransponível até mesmo para Pierce Brenam e pensou na madre Paulina.
Ela tinha sido a única mãe que Laura conheceu e não sabia como poderia dar a notícia do casamento sem que ela desconfiasse de nada. Madre Paulina a conhecia muito bem, as duas sempre tiveram uma ligação muito forte, desde o primeiro dia em que foi levada para o internato.
Laura sabia que tinha que se preparar para essa conversa, não queria que a madre soubesse da verdadeira condição em que estava se casando. Como ia explicar que ela se sentia atraída pelo homem que a desprezava por culpa de seu pai, quando nem mesmo ela entendia isso. Na verdade estava se casando achando que um dia essa atração entre os dois acabasse e Pierce se cansaria dela deixando-a livre, era isso que esperava do futuro, mas não podia contar isso à madre Paulina, ela jamais aceitaria que Laura fizesse isso.
O melhor seria ela se acostumar com a idéia do casamento o mais rápido possível e pensando nisso foi se arrumar para conhecer o lugar em que estaria morando dentro de poucos dias.

Steven chegou pontualmente na hora marcada e conforme as ordens de Pierce, levou Laura diretamente até sua residência, que para surpresa dela ficava em Staten Island ou condado de Richmond e não em Manhattan como ela havia pensado.
Era um lugar maravilhoso rodeado de área verde e poucas moradias, afastado da correria metropolitana. Saindo da via principal, havia uma pequena estrada que ia até os portões da propriedade e passando os portões havia uma alameda cercada de grandes árvores que com suas copas formavam um arco por cima da passagem e ia quase até as portas da casa. A casa era enorme, situada bem no meio do terreno, rodeada por um jardim cheio de flores que perfumavam o ar puro da manhã.
Laura estava nervosa, sabia que quando saísse daquele carro e entrasse naquela casa, estaria entrando definitivamente na vida de Pierce e sua vida tomaria um rumo do qual nem poderia ter imaginado alguns meses atrás.
Steven abriu a porta do carro, quase no mesmo instante em que sua mulher, Ana, abriu a porta da casa, sorrindo de modo cortês e fazendo Laura entrar no grande hall, disse:
- Muito prazer sta. Byrne, meu nome é sra. Filch, mas se preferir pode me chamar de Ana, assim como o Sr. Pierce.
- Obrigada, Ana, também pode me chamar de Laura – disse ela.
Laura achou que Ana e Steven formavam um casal bem simpático, por volta dos quarenta anos, os dois passavam tranqüilidade, Ana tinha um sorriso cativante e os olhos demonstravam sinceridade, Steven, apesar de parecer um pouco mais reservado, tinha o mesmo ar sereno da esposa. Ela tinha gostado de imediato deles, como Pierce havia dito.
Ana mostrou para Laura todos os aposentos: no andar de baixo ficavam as salas, cozinha, escritório e em cima os dormitórios. A casa, que era muito bem decorada, não só pelo requinte e bom gosto, mas apesar dos ambientes serem amplos, passavam uma sensação de aconchego onde quer se estivesse. No quarto de Pierce a atmosfera era outra. O quarto era enorme, tipicamente masculino, sem muitos móveis ou objetos decorativos, com uma ampla janela que dava vista para o imenso terreno que cercava a residência e no centro do quarto a maior cama que Laura já tinha visto, era o que predominava no ambiente, com criados-mudo de cada lado ocupando quase que a parede inteira, Laura sentiu um arrepio passando pelo seu corpo só de olhá-la, procurou desviar o olhar. No outro lado do quarto havia duas portas que levava para a suíte e a outra para o closet, onde ela notou, já havia espaço reservado para suas coisas, ela quis deixar o quarto o quanto antes.
Saíram para a parte detrás da casa; em uma pequena elevação cercada de plantas como se fosse uma área reservada, ficava a piscina que continha uma pequena cascata jorrando água para dentro de toda sua área arredondada formando uma lagoa, com mesas e cadeiras nas suas proximidades.
De um lado ficavam as garagens, que pelo número de portas, Laura achou que Pierce devia ser um colecionador de carros e próximo às garagens ficava uma pequena casa que ela imaginou, seria de Ana e Steven.
Do outro lado, uma pequena construção chamou a atenção de Laura, o lugar já tinha sido uma estufa, mas agora estava vazio, exceto por algumas bancadas. Sua estrutura era circular com janelas amplas em sua volta e o teto abobadado deixava o ambiente todo iluminado e Laura soube que esse lugar na casa seria dela, sabia o que fazer com ele, como se a idéia já estivesse lá e o lugar esperasse por ela.
Enquanto olhava a casa, ela tinha achado o lugar todo era maravilhoso, mas será que ela um dia poderia considerá-lo um lar? Por incrível que pudesse parecer, o único lugar que ela sentiu como sendo seu lar, era o apartamento da sra. Morrison, onde estavam suas coisas e tudo era do seu jeito. Ela nunca pode chamar o internato de lar e agora pensando bem, nem o apartamento de seu pai, pois tudo era dele, até seu quarto, já era decorado antes de ir morar lá.
Com Pierce provavelmente seria a mesma coisa, mas tinha que admitir que não esperava essa atitude dele, deixando ela mudar o que quisesse, nem seu pai tinha feito isso, foi uma agradável surpresa e agora estava mais animada, sabendo que teria um canto só seu.
Depois de visitar a casa de Pierce, Laura voltou à cidade para fazer algumas compras. Apesar de Ana ter oferecido o almoço, ela preferiu fazer um lanche rápido numa cantina que ficava próxima do centro.
Ela tentou dispensar Steven dizendo que não compraria muita coisa e não sabia quanto tempo ia demorar, mas ele tinha ordens expressas e a acompanhou o tempo todo, aguardando-a discretamente do lado de fora das lojas, mas sempre solícito carregando as sacolas para ela, mesmo sendo poucas. Laura sentia-se um pouco constrangida, não estava acostumada a esse tipo de tratamento, além do mais, ela podia muito bem ter se virado sozinha.
Comprou umas poucas peças íntimas e algumas camisolas simples, quanto menos despertasse interesse em Pierce melhor e fez questão de pagar tudo com seu dinheiro, não se sentia à vontade gastando o dinheiro dele, só usaria o cartão para gastos relacionados ao casamento.
Satisfeita com as compras resolveu voltar para casa, precisava preparar uma lista do que tinha que fazer, comprar e organizar, tendo em conta o pouco tempo que faltava, de qualquer forma, achava que não teria maiores problemas pois queria que tudo fosse bem simples e discreto, mas teria que saber a opinião de Pierce, que se encontraria com ela em poucas horas.
Pierce chegou por volta das oito horas, como sempre estava deslumbrante em um dos seus ternos feito sob medida, reparou Laura. Ela ao contrário, estava com uma calça de moleton velha e uma camiseta simples, o cabelo preso num coque frouxo e sem um pingo de maquiagem, fez questão que ele a visse sem nenhum atrativo, mas para seu desanimo Pierce pareceu nem notar.
Assim que Laura abriu a porta, ele a cumprimentou dando-lhe um rápido beijo na boca pegando-a de surpresa, depois foi direto para o sofá. Sem saber como agir direito, serviu-lhe um café, depois sentou-se ao seu lado, observando que ele estava totalmente à vontade quando tirou do bolso do paletó um estojo pequeno de veludo estendendo-a para ela.
- Isso é pra você.
Laura o segurou por um momento, sabia que era o anel.
Quando abriu o estojo não pode deixar de soltar uma pequena exclamação; era lindo, com um grande diamante no centro e uma esmeralda de cada lado, rodeadas com pontos de diamantes.
Pierce retirou o anel do estojo e o colocou no dedo de Laura dizendo:
- Foi o tom de verde mais próximo da cor dos seus olhos que eu consegui encontrar.
Laura o olhou admirada, jamais imaginou que ele se daria ao trabalho de procurar uma jóia que lembrasse alguma característica dela.
- É lindo! Obrigada.
- Já pensou em alguma coisa com relação ao casamento?
- Eu pensei numa cerimônia discreta com poucos convidados, pelo menos da minha parte, não tem tantas pessoas assim – disse ela meio sem jeito, pois realmente o seu círculo de amigos era bastante restrito.
- Por mim está ótimo, realmente só vou convidar um número seleto de pessoas que são mais próximas. Você escolhe a igreja e o salão?
- Sim, pode deixar.
- E seu pai? Quer que o traga de volta para levá-la ao altar?
Laura vinha evitando esse pensamento, mas tinha que encarar o fato de que estava muito magoada com o pai, afinal estava naquela situação toda por culpa dele.
- Não, eu vou pedir ao senhor Molina para entrar comigo.
- Ótimo!
Pierce não queria realmente a presença do pai dela no casamento, era melhor que ele ficasse bem distante.
Abriu a maleta e tirou várias folhas estendendo-as para Laura.
- O que é tudo isso? Perguntou ela.
- A papelada do casamento, certidões para os novos documentos com seu nome de casada e o acordo nupcial. Verá que dadas as circunstâncias eu posso ser bem generoso.
Laura pegou os documentos e a caneta que ele lhe ofereceu e começou a assiná-los.
- Não vai lê-los? Perguntou ele.
- Não.
- Nem o acordo nupcial?
- Não me interessa, já disse que não estou à venda e não vou aceitar nada de você não importando o quanto generoso você seja.
Acabou de assinar e devolveu tudo para ele, que pegou os documentos olhando bem para ela antes de guardá-los na pasta novamente.
- E então, o que achou da casa?
- É uma casa muito bonita – respondeu ela simplesmente.
- Alguma coisa que queira mudar?
- Bem, na verdade tem uma coisa que eu queria, se você não se importar – falou meio ansiosa.
- O que?
- A estufa que está vazia, posso ocupá-la?
Ele a olhou meio intrigado.
- Não está pensando em fazer dela um refúgio para se esconder, está?
- Não, na verdade pensei em montar um pequeno atelier.
- Um atelier? Perguntou ele confuso.
- Bem, não sou nenhuma artista, mas no internato eu descobri o gosto pelas artes e cheguei a fazer alguns quadros que foram para leilões beneficentes. Então como agora estou sem emprego e com tempo livre, acho que posso voltar a fazer alguma coisa útil que possa ajudar alguém.
Pierce estava surpreso, Laura era realmente diferente de todas as mulheres que havia conhecido. Mas pensando bem, ela era diferente de todas as pessoas que ele conhecia, não dando a mínima importância ao status ou ao dinheiro dele e só ela foi capaz de desafiá-lo como ninguém tinha feito até então.
Ele queria que Laura dependesse totalmente dele, mas sabia que se não fosse isso, provavelmente ela arrumaria uma outra coisa. Por que ela não podia fazer como outras mulheres que passavam o dia em salões de beleza ou fazendo compras? Por fim disse:
- Está bem. Amanhã vejo uma equipe de arquiteto para reformar o local.
- Não, eu mesma vou fazer isso aos poucos, dentro do meu orçamento.
Pierce se irritou.
- Eu não vou admitir que você compre um pincel com seu dinheiro. Dentro de alguns dias você vai ser minha mulher com todos os direitos e benefícios de um casamento e acho bom você aceitar isto de uma vez por todas; então ou você concorda ou eu mando demolir a estufa.
Laura teve vontade de se rebelar, mas não tinha dúvida de que ele cumpriria a palavra.
- Está bem, eu aceito – disse meio a contra gosto – mas eu gostaria de começar essa reforma depois do casamento pra acompanhá-la de perto, pode ser?
- Claro, como quiser – respondeu ele mais calmo – Mais alguma coisa que queira com relação à casa?
- Não, achei tudo perfeito e como você disse, gostei muito de Ana e Steven.
- Que bom que tenha gostado porque de agora em diante Steven vai ficar a sua disposição.
- Ah, não precisa, obrigada – respondeu rapidamente.
- Como assim, não precisa?
- Bem, não tenho mais nada a comprar, agora é só procurar as empresas para as contratações e eu posso ir de moto.
- Eu prefiro que Steven a leve – Laura sabia que aquilo não era uma sugestão, era uma ordem explícita o que a irritou. Levantou o queixo arrogante e respondeu:
- Mas eu prefiro ir de moto.
- O que você prefere, Laura, não tem importância. Você vai com Steven e pronto.
- Por que? O seu chofer agora está trabalhando como seu espião também?
- Está passando dos limites, Laura – avisou Pierce num tom perigosamente calmo.
Mas ela não podia mais se controlar, estava sob tensão desde a noite passada quando foi obrigada a concordar com o casamento.
- Pois fique sabendo que o meu limite já foi ultrapassado há muito tempo! Eu não sou sua prisioneira para ser vigiada o tempo todo, afinal eu concordei com o casamento, não era isso que você queria? Ou tem medo que eu me entregue a outro homem tão poderoso como você, para escapar das suas garras e acabar frustrando sua ving...
Laura não pode continuar, Pierce a agarrou beijando-a com uma fúria que ela nunca tinha sentido antes, forçando-a deitar no sofá, o corpo dele cobrindo o seu. Ela sabia que ele a estava punindo por desafiá-lo e tentou se soltar, mas não havia como. Sentiu as mãos dele passeando por baixo da camiseta até chegar em seus seios, apertando-os e passando os dedos sobre os mamilos, fazendo com que ficassem rígidos, ao mesmo tempo em que pressionava os quadris dele contra os dela, fazendo-a sentir sua excitação.
Laura sentiu seu corpo todo amolecer e quando deu por si, estava correspondendo com uma paixão que estava fora de seu controle, não se importando quando Pierce tirou sua camiseta e logo em seguida sua calça, deixando-a apenas de lingerie enquanto a beijava explorando cada canto de sua boca, as carícias mais ousadas, suas mãos espalhando fogo por onde passavam. Ela sabia que naquele momento ele só queria castigá-la, mas sua mente, já não pensava mais e seu corpo estava entregue, sem defesas, como se tivesse esperado por Pierce o tempo todo.
Então ele retirou suas mãos e se afastou até sentar-se completamente no sofá. Laura ficou atônita e devagar acompanhou seu gesto sentando-se encolhida sem entender o que ela havia feito de errado, seus olhos demonstrando confusão enquanto olhava para Pierce, mas seu rosto era como uma máscara, não expressava qualquer sentimento e sem desviar os olhos dela disse de maneira arrogante:
- Nenhum outro homem a terá, Laura porque você é minha. Agora você já sabe disso e seu corpo também.
Levantou se encaminhando para a porta e antes de partir falou sem olhar para ela:
- Steven ficará a sua disposição e vai levá-la aonde for.

Nota da Autora

Se gostou e quer adquirir o livro, você pode estar entrando em contato diretamente com a autora através do e-mail imarapercy@gmail.com ou comprando do site http://clubedeautores.com.br/book/3972--Hora_da_Vinganca